Com a orientação das psicólogas Carolina Kuriyama* e Fernanda T. Orsati**, foram tratados de maneira especial os problemas relacionados ao autismo e seus aspectos.
A NPO SABJA pretende elaborar um programa de assistência para as crianças especiais e as suas famílias. Este programa deverá ser realizado junto com órgãos governamentais, tais como os Consulados-Gerais do Brasil e associações de apoio locais. Para que esse projeto possa ser levado para frente, faz-se necessário termos informações sobre crianças especiais dentro da nossa comunidade.
No momento, o SABJA está conduzindo uma pesquisa sobre autismo na comunidade. Essa pesquisa tem o objetivo de aferir a possível existência de discrepâncias entre as crianças japonesas e as crianças brasileiras, nas escolas japonesas, na proporção de alunos alocados em classes especiais para portadores de autismo e distúrbio emocional. A pesquisa visa, ainda, descrever e qualificar o procedimento vigente de diagnóstico de autismo e as medidas educacionais aplicadas nas classes especiais.
Após extenso processo seletivo que contou com contribuições da comunidade acadêmica dos dois países, bem como do Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia do Japão, foi escolhida a proposta de autoria do Instituto Mirai Kougaku e de equipe de pesquisadores sediados em Gunma.
O estudo será aplicado nas seguintes localidades com alto percentual de brasileiros entre a comunidade estrangeira residente: cidade de Toyohashi, na Província de Aichi; cidade de Toyota, na Província de Aichi; cidade de Hamamatsu, na Província de Shizuoka; cidade de Oizumi, na Província de Gunma; cidade de Echizen, na Província de Fukui; e cidade de Izumo, na Província de Shimane. A essa lista será acrescentado o distrito de Minato-Ku, em Tóquio, onde se registra número significativo de nacionais brasileiros residentes, de renda média e alta.
* Carolina Kuriyama é formada em Psicologia.
O material a seguir foi feito por Fernanda T. Orsati, e trata sobre os Transtornos do Espectro do Autismo (TEA).
Diagnóstico:
-Reconhecendo os sintomas
-Critérios diagnósticos (DSM-V)
1. Déficits clinicamente significativos e persistentes na comunicação social e nas interações sociais, manifestadas de todas as maneiras seguintes:
a. Déficits expressivos na comunicação não verbal e verbal usadas para interação social
b. Falta de reciprocidade social
c. Incapacidade para desenvolver e manter relacionamentos de amizade apropriados para o estágio de desenvolvimento.
2. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo menos duas das maneiras abaixo:
a. Comportamentos motores ou verbais estereotipados, ou comportamentos sensoriais incomuns
b. Excessiva adesão/aderência a rotinas e padrões ritualizados de comportamento
c. Interesses restritos, fixos e intensos.
3. Os sintomas devem estar presentes no início da infância, mas podem não se manifestar completamente até que as demandas sociais excedam o limite de suas capacidades.
-Conceito de Espectro/Continuum
Em geral, as dificuldades apresentadas pelas crianças e adultos com transtornos do espectro do autismo são três: dificuldade na comunicação verbal, e por conseqüência na interação social, e padrões de atividades e interesses restritos. A combinação dessas diferentes características em diferentes graus pode ter manifestações diferentes nos indivíduos. Isso quer dizer que existem diversos níveis de manifestações dessas características dentro de um continuum, indo de casos mais leves ao de pessoas com necessidades mais complexas.
Acompanhamento
-Intervenção precoce
O tratamento aos indivíduos com transtornos do espectro do autismo deve ser iniciado desde os primeiros anos de vida da criança, para que seja mais eficaz em promover melhora dos sintomas e no desenvolvimento social e educacional do indivíduo.
Pais e cuidadores devem desde a criança bem pequena incentivar:
·Brincadeiras imaginativas, jogos com regras
·Começar com atividades bem curtas, mas ir aumentando o tempo de atenção nas atividades aos poucos
·Incentivar independência nas atividades de vida diária
·Incentivar comunicação por linguagem verbal, exigindo que a criança fale antes de pegar algo ou só quando aponta.
-Suporte para a comunicação, comportamento e socialização
Crianças com TEA necessitam de acompanhamento terapêutico para desenvolver habilidades normalmente naturais em outras crianças, como por exemplo, comunicação verbal, ou gama variada de interesses.
·Terapias comportamentais são as mais indicadas para trabalhar com as crianças e desenvolver comportamentos sociais das crianças, e ampliar interesses mais variados no seu brincar
·Apoio a necessidades sensoriais são essenciais para a organização corporal e de pensamentos das crianças, e podem auxiliar na manutenção de comportamentos estereotipados
·Técnicas de comunicação alternativa por digitação, ou por figuras (PECS, por exemplo) são essenciais para melhora nas relações sociais e minimização de dificuldades de comportamento
-Suporte educacional e no emprego
Na escola ou em algum emprego as pessoas com transtorno do espectro autista podem ser incluídas com efetividade. Professores e empregadores precisam ser atentos às necessidades comunicativas e sensoriais desses indivíduos.
·Professores precisam adaptar as atividades de sala de aula privilegiando diferentes métodos de apresentar a matéria (incluir vídeos, recursos visuais, menos informação por página, etc.)
·Oferecer suporte para realização das atividades (usar o interesse do aluno na aula, maior tempo para realização das tarefas, reler o enunciado, oferecer um áudio-livro, uso de calculadora, etc.)
·Por fim, o professor pode também adaptar para a avaliação do que foi aprendido pelo aluno (prova oral, trabalho com consulta, história em quadrinhos, etc.)
·O indivíduo com autismo deve utilizar as suas habilidades e interesses para procurar um emprego, uma atividade na vida adulta que goste e seja bom fazendo
·O empregador deve oferecer o suporte necessário para que essas habilidades sejam potencializadas.
Links
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